Com o líder Muamar Khadafi morto e a Líbia
oficialmente "liberada", as empresas brasileiras aguardam a formação de
um governo provisório para retomar suas operações no país. A informação é
do embaixador Cesário Melantonio Neto, que media as conversas com as
novas autoridades líbias, e das próprias companhias.
As operações das empresas brasileiras foram
interrompidas com o início do levante civil que resultou na queda de
Khadafi. Em fevereiro deste ano, centenas de funcionários de
construtoras como a Odebrecht e a Andrade Gutierrez deixaram o país com a
intensificação do conflito.
"Tenho informação de que vários
funcionários já voltaram (à Líbia). Agora temos de esperar a formação de
um novo governo provisório para retomar de vez as obras", disse
Melantonio, em entrevista à BBC Brasil.
O diplomata, que serve como embaixador do Brasil
no vizinho Egito, tem sido um dos principais interlocutores brasileiros
junto ao Conselho Nacional de Transição (CNT), formado inicialmente em
Benghazi e atuando agora na capital líbia, Trípoli.
Nesta segunda-feira, era aguardado que a Otan anunciasse o fim de suas operações militares no país.
Segundo Melantonio, a situação das empresas é
"tranquila", mas só voltará a se normalizar quando o CNT, que governa o
país interinamente, indicar os integrantes do governo provisório,
incumbido de organizar eleições e a nova Constituição líbia. A
expectativa é que isso ocorra nos próximos meses ou até semanas.
Revisão de contratos
Melantonio, que já esteve em Benghazi e se
encontrou com autoridades líbias durante a Assembleia Geral da ONU em
Nova York, diz ter recebido garantias de que os contratos serão
cumpridos.
Cesareo Melantonio, diplomata brasileiro
"Sempre houve garantia de que os contratos serão
cumpridos, mas com uma observação: todos os contratos serão revisados",
disse o embaixador.
"O presidente do CNT, (Mustafa) Abdul Jalil, que
foi ministro da Justiça da Líbia, me disse que a revisão é para ver se
não há pontos ilícitos nos contratos, superfaturamento. Isso será para
todas as empresas, de todos os países".
Sem represálias
Melantonio nega que o reconhecimento tardio dado pelo Brasil ao CNT possa prejudicar as empresas brasileiras no país.
O Brasil só reconheceu o CNT como governo
interino líbio durante a Assembleia Geral da ONU, em setembro, quando
boa parte do mundo já o havia feito.
"Nunca houve problema. Nas inúmeras conversas
que tivemos, eles sequer tocaram no assunto. O governo (líbio) quer
olhar para a frente", disse Melantonio.
Durante o conflito, membros do CNT chegaram a
fazer declarações de que empresas dos países que haviam apoiado o
levante líbio para derrubar Khadafi seriam beneficiadas durante a
reconstrução do país.
O governo provisório que irá substituir o CNT deve revisar todos os contratos do país
"A Líbia precisa das empresas brasileiras. Além
disso, as empresas estão fazendo obras de saneamento, pavimentação, que
não são polêmicas. A necessidade é ainda maior para um país que sai de
uma guerra civil", disse o embaixador.
Empresas
A Odebrecht, responsável pela construção do
Aeroporto Internacional de Trípoli e o anel viário da cidade, disse por
meio de nota que "a expectativa da empresa é voltar à operação", mas que
ainda analisa o cenário para tomar qualquer decisão.
A Petrobras, que tem operações na costa
mediterrânea, disse que "segue acompanhando e analisando a situação na
Líbia e não comenta questões políticas".
A Queiroz Galvão, que toca seis obras de
infraestrutura (saneamento, drenagem, abastecimento de água,
pavimentação e urbanização) declarou que "aguarda orientação do governo
líbio para retomada de suas atividades".
A Andrade Gutierrez afirmou que "mantém
instalações, equipamentos e funcionários locais em Trípoli" e que
aguarda a retomada das "atividades de quatro obras de reurbanização" no
país.
Ajuda humanitária
Cesario Melantonio
Melantônio disse ainda que o CNT pediu ajuda humanitária ao Brasil.
"Estamos analisando a possibilidade de enviar
algumas toneladas de arroz. Também discutimos a possibilidade de doação
de medicamentos", disse.
Segundo o diplomata, assim que houver segurança
suficiente, a Embaixada do Brasil em Trípoli será reaberta. Diferente de
outras representações, saqueadas e danificadas, o prédio da missão
brasileira ficou intacto, segundo Melantônio.
Com o início do conflito, os diplomatas brasileiros locados em Trípoli foram transferidos para Túnis, na vizinha Tunísia.
Portal MGR, 31 de Outubro de 2011
Por: Gilberto Silva - Informações: BBC Brasil.
Por: Gilberto Silva - Informações: BBC Brasil.







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