IPCA de 2011 passou de uma previsão de 6,46% para 6,52%. Limite do governo é de 6,5%
A inflação vai sair do controle em 2011. Economistas e analistas de
mercado consultados pelo Banco Central previram, pela primeira vez no
ano, que o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) vai
ficar acima de 6,5% no fim de dezembro. A pesquisa semanal Focus apontou
a sexta alta seguida neste indicador, segundo os especialistas.
A queda dos juros e a alta do dólar são os principais motores da alta
de preços descontrolada. O governo trabalha com um regime de metas de
inflação para manter o encarecimento do custo de vida sob controle. Essa
meta, atualmente, é de 4,5%, com uma margem de segurança que vai de
2,5% a 6,5%.
Para este ano, os especialistas ouvidos pelo BC, que ouve
semanalmente banqueiros, empresários, economistas, investidores e outros
profissionais do mercado financeiro, apostam em um IPCA de 6,52%. A
previsão anterior era de que a inflação ficasse em 6,46%.
Até agosto, o indicador medido pelo IBGE acumula variação de 7,4% em
12 meses. Se ficar mesmo no número que preveem os analistas, a meta de
inflação seria descumprida pela primeira vez desde 2003.
O boletim Focus ainda leva em consideração a projeção dos mesmos
analistas para a inflação no ano que vem. Para 2012, o IPCA passou de
5,5% para 5,52%. A diferença parece pouca, mas mostra que os preços vão
subir mais do que o esperado pelo governo (que também trabalha com uma
meta de 4,5% para a alta de preços ao longo do ano).
A inflação não necessariamente é uma coisa ruim, isso porque os
pequenos aumentos de preços dos produtos podem voltar na forma de lucros
maiores das empresas. Se for muito pequena ou até negativa (no caso,
chamada de deflação), podem representar prejuízo, o que levaria até ao
desemprego. Mas se for muito grande, a variação dos preços pesam muito
no bolso do consumidor porque causam uma forte perda de capacidade de
compra dos consumidores.
No final de agosto, o BC surpreendeu o mercado ao interromper o
processo de alta dos juros com um corte de 0,5 ponto percentual na
Selic, de 12,5% ao ano para 12%.
Semanas depois, a piora na crise da dívida da Europa ajudou a
empurrar o dólar a R$ 1,95, com uma valorização de cerca de 20% desde o
início do mês. A moeda norte-americana diminuiu um pouco a alta e era
cotada a R$ 1,8385 real no fechamento de sexta-feira.
Os juros altos são um freio ao consumo. Em outras palavras, cobra-se
mais pelo crédito, e o consumidor pensa duas vezes antes de gastar o
próprio dinheiro. Isso significa que, com a queda da taxa Selic, o
crédito voltará a ficar mais barato e os gastos deverão aumentar nos
próximos meses, o que poderá elevar a inflação.
O dólar caro, por sua vez, deixa os importados em pé de desigualdade
com os produtos nacionais. Com as firmas brasileiras já produzindo perto
da capacidade, elas não são capazes de atender toda a demanda dos
brasileiros, isto é, produzir tantos materiais quanto a procura pede.
Assim, quando as empresas jogam no mercado menos itens do que os
consumidores estejam dispostos a comprar, os preços sobem – e de novo a
inflação ameaça sair do controle. No cenário de dólar barato visto
algumas semanas atrás, eram os importados que estavam mantendo a
inflação em um patamar baixo.
O prognóstico para a alta do PIB (Produto Interno Bruto, soma das
riquezas produzidas no país) em 2011 caiu pela oitava vez, passando de
3,52% para 3,51% na semana passada, enquanto o de 2012 se manteve
estável a 3,7%.
A estimativa para a Selic neste ano permaneceu em 11%, e para o ano que vem continuou em 10,75%.
Segundo o Focus, a previsão para a taxa de câmbio no final deste ano
passou de R$ 1,65 por dólar para R$ 1,68. A projeção no final de 2012
foi elevada de R$ 1,65 a R$ 1,68.
Portal MGR, 26 de Setembro de 2011
Por: Gilberto Silva - Informações: R7.com.
Por: Gilberto Silva - Informações: R7.com.
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