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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Economistas veem inflação ‘fora de controle’ em 2011

IPCA de 2011 passou de uma previsão de 6,46% para 6,52%. Limite do governo é de 6,5%

A inflação vai sair do controle em 2011. Economistas e analistas de mercado consultados pelo Banco Central previram, pela primeira vez no ano, que o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) vai ficar acima de 6,5% no fim de dezembro. A pesquisa semanal Focus apontou a sexta alta seguida neste indicador, segundo os especialistas.
A queda dos juros e a alta do dólar são os principais motores da alta de preços descontrolada. O governo trabalha com um regime de metas de inflação para manter o encarecimento do custo de vida sob controle. Essa meta, atualmente, é de 4,5%, com uma margem de segurança que vai de 2,5% a 6,5%.

Para este ano, os especialistas ouvidos pelo BC, que ouve semanalmente banqueiros, empresários, economistas, investidores e outros profissionais do mercado financeiro, apostam em um IPCA de 6,52%. A previsão anterior era de que a inflação ficasse em 6,46%.

Até agosto, o indicador medido pelo IBGE acumula variação de 7,4% em 12 meses. Se ficar mesmo no número que preveem os analistas, a meta de inflação seria descumprida pela primeira vez desde 2003.
O boletim Focus ainda leva em consideração a projeção dos mesmos analistas para a inflação no ano que vem. Para 2012, o IPCA passou de 5,5% para 5,52%. A diferença parece pouca, mas mostra que os preços vão subir mais do que o esperado pelo governo (que também trabalha com uma meta de 4,5% para a alta de preços ao longo do ano).

A inflação não necessariamente é uma coisa ruim, isso porque os pequenos aumentos de preços dos produtos podem voltar na forma de lucros maiores das empresas. Se for muito pequena ou até negativa (no caso, chamada de deflação), podem representar prejuízo, o que levaria até ao desemprego. Mas se for muito grande, a variação dos preços pesam muito no bolso do consumidor porque causam uma forte perda de capacidade de compra dos consumidores.

No final de agosto, o BC surpreendeu o mercado ao interromper o processo de alta dos juros com um corte de 0,5 ponto percentual na Selic, de 12,5% ao ano para 12%.

Semanas depois, a piora na crise da dívida da Europa ajudou a empurrar o dólar a R$ 1,95, com uma valorização de cerca de 20% desde o início do mês. A moeda norte-americana diminuiu um pouco a alta e era cotada a R$ 1,8385 real no fechamento de sexta-feira.

Os juros altos são um freio ao consumo. Em outras palavras, cobra-se mais pelo crédito, e o consumidor pensa duas vezes antes de gastar o próprio dinheiro. Isso significa que, com a queda da taxa Selic, o crédito voltará a ficar mais barato e os gastos deverão aumentar nos próximos meses, o que poderá elevar a inflação.

O dólar caro, por sua vez, deixa os importados em pé de desigualdade com os produtos nacionais. Com as firmas brasileiras já produzindo perto da capacidade, elas não são capazes de atender toda a demanda dos brasileiros, isto é, produzir tantos materiais quanto a procura pede.
Assim, quando as empresas jogam no mercado menos itens do que os consumidores estejam dispostos a comprar, os preços sobem – e de novo a inflação ameaça sair do controle. No cenário de dólar barato visto algumas semanas atrás, eram os importados que estavam mantendo a inflação em um patamar baixo.

O prognóstico para a alta do PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas no país) em 2011 caiu pela oitava vez, passando de 3,52% para 3,51% na semana passada, enquanto o de 2012 se manteve estável a 3,7%.
A estimativa para a Selic neste ano permaneceu em 11%, e para o ano que vem continuou em 10,75%.

Segundo o Focus, a previsão para a taxa de câmbio no final deste ano passou de R$ 1,65 por dólar para R$ 1,68. A projeção no final de 2012 foi elevada de R$ 1,65 a R$ 1,68.


Portal MGR, 26 de Setembro de 2011
Por: Gilberto Silva - Informações: R7.com.

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